Fazer de cada almoço de domingo uma celebração. É isso que temos tentado fazer cá em casa para não cairmos no marasmo que este confinamento tende a trazer. Uma mesa bonita, flores da Horta da Maria, a ementa escolhida com tempo, com direito a entrada e sobremesa.
Não consigo ser assídua em blogues nem contas de instagram ou facebook [com muita pena minha] mas há dias passou-me pelos olhos, num scroll apressado, uma receita de bacalhau que me trouxe lembranças boas, daquelas que aconchegam o coração. Um tabuleiro de bacalhau como antigamente, daqueles almoços de família que habitam as minhas memórias junto dos meus eternos Avós.
Saudades. As Saudades são aquele sentimento que mais nos assola ultimamente. Saudades do que tínhamos por garantido, como o abraço de quem mais gostamos, dos gestos que fazíamos inconscientemente e que por estes dias nos fazem pensar antes de agir. Por outro lado, a minha realidade não me permite esquecer que temos que dar graças e celebrar o estarmos em casa, na nossa casa com os nossos. Não me canso de dizer que há quem não o possa fazer por vários motivos e é por isso que celebrar à mesa continua a ser uma das coisas que mais gosto de fazer!
Coisas simples. São na maioria das vezes as coisas que nos dão mais prazer. Como um simples feijão verde que consegue ganhar uma vida nova e transformar-se numa entrada ou acompanhamento tão fantásticos.
Eu sou suspeita porque gosto muito de feijão verde. O meu esparregado favorito é de feijão verde, esta receita da minha mãe que adoro e que faço sempre na época de fartura.
A receita de hoje é daquelas irresistíveis, perfeita para fazer ao fim de semana, quando temos um pouco mais de tempo para cozinhar para quem mais gostamos e melhor, para saborear sem pressas, correrias ou compromissos.
Como agora tenho cá em casa o robot Kcook-Multi da Kenwood, adaptei a receita para me poupar algum tempo. É adaptada de uma daquelas receitas maravilhosas do Chefe Silva e claramente a minha favorita.
Na minha cozinha, paira o cheiro a canela há já um par de semanas. O aproximar de um workshop implica sempre testes e experiências para garantir que as receitas escolhidas são mesmo as melhores. Para mim, folar é sinónimo de doce. Associo muito mais a erva doce, canela e açúcar do que a carnes e enchidos. Mas lembrei-me de uma visita que fiz há uns anos a Trás-os-Montes e dos maravilhosos folares de carne, altos como eu nunca tinha visto. Para este workshop queria levar uma receita dessas, e foi sem dúvida a receita que mais sucesso teve.
Sempre achei piada às receitas que são "à moda" de alguém ou de alguma coisa. Sinto que é uma espécie de atestado de qualidade e dá-me uma certa confiança e certeza de será uma boa receita. Porque muitas vezes a receita já existe mas aquela pessoa dá-lhe um toque que a torna sua e tão especial. O arroz doce da minha mãe, a feijoada do meu sogro e a mousse de chocolate do meu tio são as melhores versões que conheço destas receitas tão conhecidas. Podia continuar e lembrava-me de muitas mais, que associo sempre a certas pessoas ou ocasiões. E por muito que me expliquem qual é o truque, não vale a pena porque não fica igual.
Há quem não goste de rotinas mas eu não me ralo nada com elas, principalmente quando são assim, boas! A rotina das manhãs de sábado, em que normalmente vou até ao mercado, fazem com que estabeleça uma relação de confiança com as minhas queridas senhoras: a do pão, que faz questão de oferecer sempre um ao principezinho, a dos queijos, onde não resisto aos queijos frescos e outros tesourinhos que ela descobre pela Serra da Estrela e a do peixe, que já sabe que o principezinho adora salmão e tem sempre guardadas as melhores postas. É lá que compro todo o peixe que consumimos e é sempre de excelente qualidade. Dá-me nervos ver algumas pessoas a reclamar do preço do peixe e a insinuar que a senhora nos está a enganar, a ganhar mais de 200%... Tenho que me segurar para não me desbocar... A própria se queixa que nunca comprou peixe tão caro na lota, coitada... Mas mais vale comer menos, mas comer peixe de qualidade.
Ingredientes para 6 pessoas:
6 chocos médios (1Kg)
1 cebola
2 dentes de alho
1 folha de louro
1 dl de azeite
50 cl de vinho branco
2 tomates coração de boi maduros
12 camarões
800 g de feijão cozido (vale a pena demolhar e cozer em casa)
1 cenoura
1 ramo de salsa e coentros
sal e pimenta
piri-piri q.b.
Preparação:
De véspera, demolhe o feijão. Lave-o em água corrente e coza-o na panela de pressão durante 30 minutos. Desligue, mantenha a panela tapada e deixe terminar a cozedura com o vapor.
Leve um tacho ao lume com água temperada com sal e coza os chocos, cortados às tiras, com os camarões. Retire e reserve a água da cozedura.
Noutro tacho, leve o azeite a aquecer. Junte a cebola picada, o dente de alho, a folha de louro e o tomate cortado aos cubos, sem casca nem sementes. Deixe refogar por alguns minutos, até a cebola ficar macia e o tomate começar a desfazer. Refresque com o vinho branco. Junte a cenoura descascada e cortada às fatias não muito finas.
Acrescente o refogado com uma concha de água de cozer os chocos e deixe levantar fervura. Junte o feijão e os chocos. Verifique os temperos e se tiver pouco molho, acrescente mais um pouco de água da cozedura.
Se não tiver crianças, aconselho a juntar um pouco de piri-piri.
Sirva numa travessa enfeitada com os camarões cozidos e com as ervas picadas.
Acompanhe com arroz branco.
N.B. Se não tem feijão seco para demolhar ou simplesmente decidiu à última hora fazer este prato, aconselho a comprar feijão enlatado de boa qualidade porque na maioria das marcas, o feijão desfaz-se demasiado.
Este inverno foi tão longo que ainda encontro receitas de forno por publicar. Mas como nós sabemos não há fome que não dê em fartura e parece que o Verão chegou em força! Ontem mesmo, cá em Coimbra esteve muito próximo dos 40ºC. Mas que ninguém se queixe, porque a chuva e o frio já andavam a saturar. Por mim, está muito bom assim!
A receita fica partilhada, até porque é demasiado boa para ficar esquecida numa pasta do computador que anda pelas horas... a fazer uma tal chiadeira que até me intimida. Estou a ver o momento em que vai desta para melhor e eu sem ter conseguido fazer um backup como deve ser... ando a arriscar, ai ando, ando. E depois nem me posso queixar porque o senhor cá de casa está sempre a avisar-me...
Vamos à receita:
Ingredientes para 3:
½ frango do campo (são grandes)
Num pirex, deite a cebola picada, o alho, o louro, e o
azeite. Acrescente o tomate picado, sem pele nem sementes. Por cima disponha o
frango com a pele virada para baixo. Tempere com uma pitada de sal, tendo em
atenção que o caldo de galinha é salgado.
Leve ao forno durante 15 minutos e depois vire o frango do
outro lado, refresque com vinho e deixe cozinhar por mais 30 minutos.
Prepare o caldo de galinha.
Retire o pirex, acrescente o arroz e deite por cima a água a
ferver. Mexa ligeiramente com um garfo.
Leve ao forno novamente até o arroz estar cozido e seco.
Sirva com salsa picada.
O arroz aromático Bom Sucesso tem um grão comprido e liberta um aroma fabuloso enquanto está a cozinhar. Neste prato, uma vez que não se mexe o arroz durante a cozedura, o grão fica perfeito! Experimente!
Os dias com tempo servem de desculpa para tudo, principalmente para fazer receitas assim "leves". A desculpa de que havia demasiado pão rijo na caixa foi perfeita para matar a vontade com que andava de fazer estas migas. A imagem que me surgia na cabeça acabou por se materializar num dia de férias, permitindo que dedicássemos tanto tempo a este almoço quanto ele merecia. Sim, porque nem sempre isso é possível e às vezes sinto que depois de depositar tanta energia, dedicação e amor numa refeição, não a saboreamos o tempo suficiente, na ânsia de querer sempre fazer mais e teimar em não parar para cheirar, saborear e sentir o que nos rodeia e muitas vezes está na nossa frente.
Migas
Ingredientes:
pão rijo (de preferência pão encorpado)
1 cebola
3 dentes de alho
2 colheres de sopa de azeite
1 tomate grande maduro
água quente q.b.
1 ovo por pessoa
sal e pimenta q.b.
Preparação:
Leve o azeite ao lume e refogue a cebola e os alhos picados. Quando a cebola começar a ficar translúcida e macia, junte o tomate cortado aos pedaços. Deixe refogar em lume brando, até o tomate começar a desfazer-se.
Demolhe o pão em água quente e junte-o ao refogado. Mexa bem para envolver tudo e tempere com uma pitada de sal e pimenta.
Se necessário junte um pouco de água, até obter a consistência desejada.
Transfira as migas para um recipiente que possa ir ao forno, faça um buraco no meio e junte um ovo. Tempere o ovo com uma pitada de sal e pimenta e leve ao forno a 200ºC, até cozinhar. Pode optar por colocar no microondas, na potência máxima, por 2 minutos.
Rojões
Ingredientes:
600 g de rojões de porco aos cubos
3 colheres de sopa de azeite
2 folhas de louro
1 colher de chá bem cheia de colorau ou pimentão doce
200 ml de vinho branco
4 dentes de alho
sal e 1 pimenta vermelha
cogumelos paris
1 haste de coentros
Preparação:
Limpe a carne de gorduras e coloque-a numa taça. Junte o alho laminado, sal, a pimenta sem sementes, vinho, colorau e o louro. Deixe marinar pelo menos 2 horas.
Leve o azeite a aquecer e junte o carne. Deixe fritar, em lume brando, mexendo de vez em quando para não agarrar. Quando a carne começar a ficar dourada, retire-a.
Lave e lamine os cogumelos e salteie-os na gordura da carne durante 2 minutos. Junte novamente a carne e acrescente o líquido da marinada (escorrido). Deixe apurar em lume brando.
Sirva a carne enfeitada com coentros acompanhada das migas de tomate.
Certamente que este senhor teve uma estadia recheada de convites para jantar mas mesmo assim também eu lhe fiz o convite.
Escolhi o Jamie Oliver porque desde o primeiro momento que o vi cozinhar fiquei fã da forma descontraída com que o faz. Sei que muitos criticam o seu jeito, o estado em que deixa a cozinha, o facto de mexer nos alimentos com as mãos, mas eu própria sou assim, um pouco trapalhona e gosto de "sentir" os alimentos. Por muito "maluca" que me queiram chamar, quando vou à peixaria, não peço para me arranjarem o peixe, gosto de ser eu a fazê-lo, ao separar as gemas das claras, gosto de deixar cair o ovo na palma da mão e sentir a gelatina da clara a fugir por entre os dedos ☺ A minha paixão pela musica (visível no meu blogue ☺) é outro ponto em comum! Além disto tudo, faz anos no mesmo dia que o princepezinho!
Musica e comida... acho que não é preciso mais motivos para um bom jantar!
Na estação de comboio, o ecrã de informação indicava atraso 1 hora... lá fiquei a aguardar a chegada do meu convidado... Finalmente chegou!
A ementa foi escolhida seguindo o lema do convidado, "Keep it simple!"!
Preparei-lhe um prato típico português, com cheiro de mar!
Carne de porco à Alentejana
Ingredientes:
800g de ameijoa
750g de carne de porco
3 c. sopa de pimentão doce
3 dentes de alho grandes
1,5dl de vinho branco
2 c. sopa de banha
2 c. sopa de margarina ou azeite
batata para fritar
sal e pimenta q.b.
2 folhas de louro
pickles q.b.
Preparação:
Coloque as ameijoas numa taça grande com água e sal. Deixe-as ficar durante algumas horas e mude a água para deitar fora a areia que vão libertando.
Corte a carne de porco aos cubos e tempere com alho, pimentão, sal, pimenta, louro e o vinho. Deixe a marinar de véspera ou com bastante tempo de antecedência.
Descasque as batatas, corte-as aos cubos e frite-as.
Entretanto, coloque uma frigideira ao lume e adicione a banha e a margarina ou o azeite. Adicione a carne e deixe fritar em lume brando. Vá mexendo até estar dourada e depois regue com a marinada. Junte as ameijoas e deixe cozinhar durante 10 minutos. Acrescente as batatas fritas e enfeite com pickles.
Como sobremesa apresentei ao Jamie a famosa Tigelada cá de casa e ele gostou, claro!
No final da noite, fomos deixar o princepezinho a casa dos avós e fomos à musica com o Jamie! Porque... Food is like music!
Nasceu em 2004 pela mão de João Aguardela e Luís Varatojo, músicos associados à pop portuguesa dos anos 80 e 90, aos quais se juntou uma nova voz, Maria Antónia Mendes. O repertório, totalmente original, resulta de letras de novos poetas portugueses e temas com base em referências da música portuguesa. O ano de 2012 marca a saída do seu 4º álbum de originais, “Não se deitam comigo corações obedientes”, agora com uma formação nova (que inclui Sandra Baptista no baixo e Samuel Palitos na bateria) e com 11 canções compostas a partir de textos de Adília Lopes, Ana Paula Inácio, Margarida Vale de Gato, Maria do Rosário Pedreira e Renata Correia Botelho.
Assim participo no desafio "Convidei para jantar" da autoria da Anabagerie acolhido nesta 2ª Edição pelos Gourmets Amadores.