O tempo passado na aldeia tem sido cada vez maior e nem sempre é fácil conciliar as atividades dos miúdos. É que nem estamos a cem por cento na cidade nem a cem por cento no campo. Há quem perceba mas também há quem não queira perceber e simplesmente dificultar. A vida não é como nós queremos e se por um lado abraçámos Coimbra como nossa, as raízes continuam na aldeia perto do frio da Serra.
Num dos últimos fins de semana em que lá estivemos, dedicados de corpo e alma a limpar a Eira, o senhor cá de casa dizia que é depois das grandes catástrofes que vêm as grandes mudanças. Se pensarmos um bocado vemos que é verdade. É preciso reerguer, mudar, improvisar e usar aquela que é a condição que nos distingue dos animais: a inteligência. Se o fogo não tivesse queimado tudo o que nos queimou, as desculpas para tratar da Quinta iriam continuar, um fim de semana por isto, outro por aquilo... Agora, é com imenso prazer que vamos vendo tudo a ganhar vida novamente. Quem segue a minha conta no Instagram, vai vendo o que por lá vamos fazendo. Assim como terá oportunidade de conhecer um bocadinho da aldeia. E se por um lado antes me limitava a fazer sessões fotográficas no estúdio improvisado em casa, agora torna-se mais fácil fotografar por lá, apanhar o frio, o vento e usar a luz natural para tentar fazer fotografias um bocadinho mais bonitas. É que o curso de fotografia também anda a ser adiado há uns valentes anos...
A receita de hoje foi a primeira experiência que fiz com os tamarilhos. Habitualmente comia-os frescos, simples, com mel ou um pouco de açúcar mascavado, nunca os usava para fazer receitas. Talvez por receio mas a verdade é que muitos acabavam por se estragar porque só eu e o tio António é que gostamos. Os tamarilhos são muito comuns na Madeira e são conhecidos como tomate da árvore. O meu vizinho conhece como tomate indiano e há quem conheça como tomate inglês. Acho que nunca tinha visto um só alimento com tantos nomes. Tenho a certeza que vocês ainda trazem outros!
Depois de fazer a compota, experimentei conjugar com queijo e só vos posso dizer que é maravilhoso. Eu faço muitas vezes uns folhadinhos de queijo e marmelada, já estou a imaginar a mesma combinação mas com esta compota. E houve quem sugerisse no instagram servir com queijos azuis numa tábua de queijo. Se ainda houver tamarilhos suficientes, a próxima receita a testar é um chutney para servir com carnes assadas.
Ingredientes:
1 kg de tamarilhos
500 g de açúcar para compotas
2 paus de canela
1 estrela de anis
Descasque os tamarilhos, tentando tirar os caroços duros que se encontram junto da casca. (se não fizer questão de ter as sementes, pode triturar e coar a polpa de tamarilho)
Deite uma chávena de açúcar por cima da fruta e deixe marinar durante a noite.
Leve ao lume e junte o restante açúcar, os paus de canela e a estrela de anis.
Deixe cozinhar em lume brando até fazer ponto de estrada. (deite uma colher de compota num prato e passe o dedo para ver se fica uma estrada ou está demasiado líquido)
Transfira para um frasco de vidro esterilizado, feche e vire ao contrário até arrefecer, para formar vácuo.
6 comentários:
Eu também fiz e arrisco-me a dizer que é das compotas de que mais gostei até hoje!
Beijinhos, Titá Negrão
Olá, olá. No Instagram quando partilhaste uma imagem com tamarilhos, confidenciei-te que só no final de 2018 conheci este fruto. Um vizinho deu-me uma mão cheia. Já os provei. Não fiquei fã, não desgostei mas também não adorei. Contudo, depois de ver esta receita, acho que vou pedinchar mais uns quantos ao vizinho :P
Usei o açúcar para compotas do Aldi e gostei imenso da textura macia com que ficou. A parte melhor é que só precisa de metade do peso de açúcar.
Experimenta!!
Imagino o delicioso sabor com que ficou!
Beijinhos,
Espero por ti em:
strawberrycandymoreira.blogspot.pt
http://www.facebook.com/omeurefugioculinario
https://www.instagram.com/marysolianimoreira/
Por cá, nos Açores, mais propriamente em S.Miguel, são conhecidos como tomates do Brasil… uma delícia.
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